O suícida

Era uma bela tarde, bem tranquila. Eu caminhava pela rua distraído e despreocupado hora observava vitrines, hora olhava as belas mulheres que passavam por mim. De repente notei um aglomerado de pessoas pouco mais a frente, curioso como sou fui me aproximando a fim de descobrir o que estava acontecendo, não foi necessário nem perguntar. Foi só chegar um pouco mais perto para ouvir os gritos que vinham de um dos andares acima.
- Me despeço desse mundo cruel que só me deu pancadas!
- Para os que ficam desejo sorte, porque nesse carrossel de loucos é impossivél manter o equilíbrio!
Meu Deus eu fiquei apavorado ao ver que um homem já do lado de fora da janela ameaçava se jogar. Como pode uma pessoa querer dar cabo da própria vida? Sinceramente eu não entendia, afinal minutos atrás eu andava tranquilo pelas ruas, quer dizer, tantas coisas bonitas e boas a vida cotidiana em sua melhor forma e ao invés de aproveitar tudo isso o cara queria dar cabo de si.
Não resiste e mais uma vez movido pela curiosidade entrei no prédio cheguei ao porteiro e perguntei.
- O gente fina, em que sala está aquele louco que quer tirar a própria vida?
- No 802, mas não se preocupe eu já liguei para os bombeiros!
Só dei atenção ao número do apartamento. Resolvi subir e perguntar-lhe o que o chateava tanto para ele desejar a morte ao invés da vida. Entrei no elevador ansioso e curioso observando o contador de andares quase que desesperado, enfim cheguei ao andar e o elevador ficava bem de frente para a sala, mas a porta estava fechada. Pensei:
- Que ingênuo eu sou, se o cara está para matar-se claro que trancou a porta para que ninguém o impeça.
Então uma voz em minha cabeça atiçou, por que não tenta entrar? E foi o que fiz, girei a massa neta e não é que a porta estava destrancada.
Entrei e o sujeito nem percebeu minha presença, sorrateiramente me dirige até perto da janela puxei a cadeira de sua mesa sentei-me e perguntei:
- Por que você ainda não pulou?
Caramba se ainda não havia tido coragem para saltar quase que o fez de susto, de um salto ele se voltou para dentro do escritório e mais branco que já era questionou-me:
- Quem é você? O que faz aqui?
- Para que você deseja saber? Vai morrer mesmo não vai?
- Responda! Bradou ele.
- Meu nome é Marcos! E vim aqui para perguntar por que você quer se matar?
- Isso não é da sua conta!
- Claro que é, se você tem motivos para morrer eu quero saber para que eu jamais siga o caminho que me leve a eles.
Ele sorriu. Incrível o cara pronto para se matar e sorrindo, eu tento, mas jamais vou entender a mente humana.
- Eu tenho vários motivos para não querer mais viver!Retrucou.
- Quais são?
- Eu contrai uma dívida altíssima que não consigo pagar, isso fez com que eu me enervasse muito e tratasse mal a minha esposa além de me estressar tanto que não consigo ser homem para ela, resultado ela me traiu e abandonou-me. Hoje pela manhã quando vinha para cá fui assaltado em meio a várias pessoas e ninguém fez nada. Então me diga o que mais há para mim nesse mundo?
- É, realmente você está passando por uma fase difícil! Mas pense bem, você tem uma dívida alta que não consegue pagar, porém no Brasil calote não é crime. Você nunca ouviu o dito: " Devo não nego pago quando puder", então. Quanto a sua esposa, por mais que goste dela agora você está livre, não vai mais ter de deitar e acordar todos os dias com a mesma mulher que daqui a pouco por mais bonita que seja vai envelhecer e virar uma megera, tem muita mulher bonita por ai para morrer por somente uma e quanto ao assalto - tsetsetse - o mundo está um caos não é de hoje a violência sempre foi a arma dos fracos e se você prevalece sobre ela é porque é um homem forte e se ninguém te ajudou é porque não ligar para o mal alheio é normal dos seres humanos, o que a maioria gosta é disso, de showzinho, pode ver que ninguém lhe ajudou com o assalto, mas olha quanta gente tem lá embaixo esperando para você se espatifar.
- Bom vou indo! Obrigado por falar comigo!
Sai dali sem ouvir ele se despedir entrei no elevador pensando em como um homem podia ser tão tolo. Agarrado a meus pensamentos ganhei a rua e notei que a multidão se dispersava, olhei para cima e não mais vi o sujeito, pelo jeito resolveu viver nesse mundo de loucos.

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